A fintech especializada BlockBR lançou o fundo DeFi T-Propt, voltado à tokenização de imóveis de luxo em lugares turísticos. Pelo projeto, cada imóvel será fracionado em Tokens Não Fungíveis (NFTs, na sigla em inglês), que serão vendidos a pessoas que desejam usar as casas para lazer.
“Cada casa é uma [Sociedade de Propósito Específico] SPE que possui de oito a doze frações, exceto a de Fernando de Noronha (PE), que possui 32. Cada fração dá ao comprador do NFT o direito a um determinado número de dias de uso por ano baseado no total de frações disponíveis. Para uma casa de oito frações, por exemplo, um token dá direito a 44 dias de uso por ano, ou 12,5% da propriedade”, explica Cassio Krupinsk, CEO da BlockBR. Krupinsk esclarece que os tokenistas podem adquirir mais de uma fração para obter um número maior de dias de usufruto.
As casas foram disponibilizadas pela incorporadora T-Properties, e são projetos dos arquitetos Gui Mattos, Felipe Diniz, Arthur Casas e Thiago Bernardes.
Até agora, há projetos para quatro imóveis, um em Cruz (CE), chamado Casa Preá, avaliado em R$ 7 milhões, outro em Campos do Jordão (SP), por R$ 8 milhões, uma casa em Fernando de Noronha por R$ 10 milhões e uma em Trancoso, no município de Porto Seguro (BA), que deve valer R$ 22 milhões quando pronta. No total, os quatro projetos somam R$ 47 milhões. Para viabilizar a iniciativa, foi levantado um fundo de R$ 50 milhões.
O imóvel mais adiantado é o da Casa Preá, que já tem duas frações vendidas para investidores privados e deve ser lançado até o fim de 2022, seguido pelo de Campos do Jordão, que será divulgado ao público no início do ano que vem. Patricia Lopes, COO da BlockBR, explica que pela natureza mais restrita do produto a divulgação será feita pelos canais da T-Properties, cliente da BlockBR no projeto, e
De acordo com Krupinsk, a ideia de tokenizar frações de casas de luxo vem de exemplos do exterior onde este modelo foi adotado, mas sem o intermédio de blockchain. São casos em que o fracionamento foi estabelecido por meio de um contrato tradicional e usando moeda fiduciária. “As novas gerações, e até mesmo a nossa geração de pessoas com até 50 anos de idade, não vê sentido algum em comprar um imóvel de veraneio de R$ 10 milhões a menos que você seja bilionário. Fazendo uma pesquisa de mercado e sabendo para onde iria o mercado de frações de propriedade de casas de luxo, vimos que era uma tendência que ocorria no mundo todo”, explica. No Brasil, é a primeira tokenização deste tipo.
A ideia, diz ele, é dar ao tokenista a possibilidade de viver a experiência única dos imóveis, que são diferentes entre si. Algumas casas terão instrutores de kitesurf e possibilidade de uso de quadriciclos, por exemplo.
“O grande motivo para o token nascer dentro da BlockBR foi enxergar uma forma de concretizar a operação física sem vícios, sem que tivéssemos que ajustar a tokenização ao redor de um projeto já existente”, comenta Patricia Lopes.
Dentro da estratégia da BlockBR, o objetivo é expandir a iniciativa para mais propriedades, inclusive fora do território nacional, tokenizando casas em países como Estados Unidos e Indonésia. “A expectativa é chegar a R$ 1 bilhão em propriedades nos próximos dois anos”, afirma Krupinsk.
No futuro, com uma regulamentação de criptomoedas e tokens estabelecida no Brasil, o CEO da BlockBR espera que seja possível ao dono dos tokens da T-Propt vender para outras pessoas as suas frações das casas em mercado secundário. “O token é a substituição de um fundo e, no futuro, talvez o usuário possa ofertar o próprio token, vendendo-o. As casas, como foram desenvolvidas por grandes arquitetos, têm o valor de arte, tornando o potencial de valorização dos tokens imensurável”, defende.
O preço de cada token dependerá do valor da casa em questão. Para a Casa Preá, por exemplo, a estimativa é de que o criptoativo seja lançado por R$ 750 mil a fração.
Fonte: Valor Econômico